“36 horas de exaustão e medo de perder o emprego”: vigilantes da Manancial Segurança Privada denunciam jornadas abusivas e ameaças

O Crítica Cotidiana teve acesso a relatos exclusivos que expõem o que vigilantes chamam de um sistema de exploração silenciosa dentro da Manancial Segurança Privada. Segundo os trabalhadores, jornadas de até 36 horas, pagamentos fora do contrato e ameaças veladas seriam parte da rotina — tudo sob o olhar inerte de um sindicato que, apesar das inúmeras denúncias, nada fez para mudar a situação

Relatos recebidos pela nossa redação descrevem uma rotina de pressão e desgaste extremo para vigilantes da Manancial Segurança Privada, empresa que atua na segurança patrimonial e privada no Maranhão. Segundo denúncias, profissionais chegam a trabalhar até 36 horas seguidas, recebem pagamentos fora do contrato — em alguns casos por meio de cheques — e convivem com ameaças veladas de demissão ou rebaixamento para regime de diarista caso recusem as condições impostas.

Além da sobrecarga física, há o peso psicológico. O ambiente, segundo os vigilantes, é marcado pelo medo e pela insegurança. O cansaço extremo já teria contribuído para acidentes graves, alguns fatais, envolvendo trabalhadores que voltavam para casa após longos plantões e acabaram dormindo ao volante.

A denúncia menciona que a empresa manteria contratos relevantes em diferentes setores, segundo o denunciante, incluindo policlínicas do Estado, o Hospital Universitário do Maranhão (Dutra e Materno Infantil), o contrato no Cajueiro — área onde será implantado o novo porto do Itaqui —, residências de empresários como a Casa dos Fecuri, empresas como Colchão Maranhão e até órgãos públicos, como o Ministério Público do Trabalho no Maranhão. Também, de acordo com o relato, haveria atuação na Torre do Sol, com vigilantes armados de terno, na escolta da linha do trem (em alguns casos com vigilantes sem curso de escolta), em hotéis de São Luís e no Hospital da Ilha do Maranhão.

Os vigilantes afirmam que já notificaram o sindicato diversas vezes e apresentaram várias reclamações formais, mas não obtiveram resposta efetiva. Entre eles, circula a suspeita de que a proximidade entre o presidente do sindicato, Daniel Pavão, e pessoas ligadas à empresa estaria dificultando a defesa da categoria — algo que, se confirmado, representaria grave conflito de interesses.

A reportagem procurou a Manancial Segurança Privada, mas até o fechamento deste texto não houve resposta. O espaço permanece aberto para manifestações futuras.

Atualização – 14/08/2025 – 12h57

Após a publicação desta reportagem, a Manancial Segurança Privada Ltda. enviou manifestação à redação do Crítica Cotidiana na qual nega integralmente as acusações apresentadas por vigilantes, afirmando que são “inverídicas e prejudiciais à imagem da empresa”. A empresa alegou que não foi previamente consultada antes da veiculação da matéria e declarou que “repudia qualquer prática que viole direitos trabalhistas”.

A empresa afirmou ainda que “cumpre rigorosamente a legislação e os acordos coletivos vigentes” e que está “à disposição para prestar esclarecimentos às autoridades competentes e à imprensa”.

Reiteramos que esta reportagem se baseia em relatos exclusivos de trabalhadores, que a empresa foi devidamente procurada por e-mail para prestar esclarecimentos, e que o espaço segue aberto para novas manifestações de todos os citados.

Alex filósofo

O jornalista Alex Filósofo (DRT: 2255/MA), professor e apaixonado pela Filosofia, também é empreendedor, blogueiro e graduando em Marketing Digital. Além disso, se destaca como ativista social e cultural. Sua formação intelectual, influenciada pelos pensamentos de grandes nomes da filosofia e da política, resulta em uma crítica sempre desafiadora e esclarecedora.

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