O assassinato do policial militar Geidson Thiago da Silva, morto com tiros pelas costas durante uma vaquejada em Trizidela do Vale, ainda ecoa entre revolta e impunidade no Maranhão. O autor do crime, segundo testemunhas e investigação policial, é o próprio prefeito de Igarapé Grande, João Vitor Xavier (PDT), que permanece preso — mas em condições privilegiadas. Conforme apuração do jornalista Neto Cruz, publicada em 21 de julho, o gestor ocupa uma cela individual com cama e banheiro, mesmo após o Supremo Tribunal Federal ter revogado o direito automático à cela especial para presos com curso superior.
O crime aconteceu no dia 6 de julho e teria sido motivado por um pedido simples do PM: que o prefeito diminuísse a luz dos faróis do carro, que estariam atrapalhando o público presente. A resposta, segundo o delegado Diego Maciel, foi uma sequência de tiros disparados pelas costas. Apesar da gravidade, João Vitor se apresentou à polícia só dois dias depois e foi liberado por ausência de flagrante. A Justiça só determinou sua prisão preventiva após forte pressão popular e da imprensa. O mais revoltante: mesmo licenciado sob alegação de “abalo psicológico”, o prefeito segue recebendo salário integral de R$ 13.256,08, pago com recursos públicos.
A arma do crime, um revólver .38 sem registro e supostamente dado por um eleitor, desapareceu. A versão de legítima defesa é cada vez mais frágil diante das imagens analisadas pela Polícia Civil. Enquanto a família do PM chora em silêncio e sem amparo, João Vitor permanece amparado pelo foro privilegiado e por uma estrutura que transforma a prisão em descanso remunerado. O caso escancara os privilégios políticos no Brasil e levanta uma pergunta incômoda: até quando autoridades acusadas de crimes bárbaros continuarão se escondendo atrás da impunidade?