Prometendo renovação e eficiência, a prefeita Simplesmente Maria chegou ao comando da Prefeitura de Arari, em janeiro de 2025, com o discurso de que faria diferente. Mas dez meses depois, o que se vê é uma administração envolta em suspeitas, contratos duvidosos e um crescente desgaste político.
O cenário que ela dizia combater parece ter voltado com nova roupagem. As denúncias começaram ainda no primeiro semestre, quando vereadores e servidores passaram a questionar a folha da Secretaria Municipal de Educação. Há relatos de pagamentos duplicados, salários acima da média e até possíveis cargos fantasmas. Mesmo diante das cobranças, a prefeita ainda não apresentou nenhum relatório de auditoria que esclareça as irregularidades.
As contratações públicas também levantam suspeitas. Em junho, a Prefeitura assinou um contrato de mais de R$ 2 milhões para serviços de sanitização e controle de pragas. O valor é alto, mas não há clareza sobre o que realmente foi executado. Outro processo licitatório teria sido publicado sem vínculo com o Plano Anual de Contratações — documento obrigatório para garantir transparência e planejamento.
Além disso, paira a sombra de um repasse de R$ 1,25 milhão via Pix, destinado à recuperação de estradas vicinais em 2023. Até hoje, não há comprovação das obras, e o assunto virou alvo de cobranças no Legislativo. As sessões na Câmara se transformaram em arenas de confronto, com vereadores denunciando irregularidades e pedindo investigações. Até parte da base aliada já demonstra insatisfação com a falta de diálogo e de clareza.
Dentro da prefeitura, o clima também é de desordem. Trocas constantes em cargos estratégicos e ausência de coordenação entre secretarias expõem o improviso da gestão. O Portal da Transparência segue desatualizado, impedindo o acompanhamento de despesas e contratos, o que fere diretamente a Lei de Responsabilidade Fiscal.
Para quem esperava uma administração moderna e participativa, a realidade se mostra frustrante. A insatisfação cresce entre servidores e pequenos fornecedores, que reclamam de atrasos e da falta de comunicação. Arari, que já vinha de escândalos na gestão anterior, parece ter trocado apenas os nomes — mas mantido os mesmos vícios.
Faltando pouco para completar o primeiro ano de mandato, Simplesmente Maria enfrenta o desafio de provar que é capaz de romper com o passado que tanto criticou. Caso contrário, os dez meses que já se passaram podem ser lembrados não como um começo de renovação, mas como a confirmação de que Arari, mais uma vez, trocou seis por meia dúzia.
