Após a denúncia publicada pelo Crítica Cotidiana, que revelou a tentativa de votação às pressas do projeto que parcelaria dívidas previdenciárias “a perder de vista” (RELEMBRE AQUI), a Câmara de São José de Ribamar viveu um raro momento de reação institucional. A pressão tomou conta dos bastidores, e um grupo de vereadores decidiu interromper a corrida do Executivo para aprovar, sem transparência e sem debate, uma proposta que poderia comprometer aposentadorias e legitimar anos de má gestão fiscal. O que seria uma sessão-relâmpago se transformou em freio brusco, e não por vontade espontânea, mas pela repercussão pública do escândalo.
Os vereadores João Carlos, César Vieira, Kantão, Neguinho, Fikfik, Thays Negão, Mário Santos, Juliano, Júnior da Juventude, Alana Cardoso e Fernando Castro se uniram para travar o projeto antes que ele chegasse ao plenário, exigindo aquilo que deveria ser básico em qualquer democracia: clareza, planilhas, números e presença das entidades representativas dos servidores. Nas palavras de um dos parlamentares, “não se pode decidir o destino de quem passou a vida trabalhando para o município em um voto rápido e sem debate”. O recado ao Executivo foi direto: a Câmara não será carimbadora de rombos previdenciários.
Com o recuo, os vereadores impuseram duas condições inegociáveis para que o tema volte à pauta: transparência integral e participação dos trabalhadores, justamente os verdadeiros credores desse passivo. O gesto criou um precedente raro em Ribamar, onde urgências fabricadas costumam atropelar a lógica e a prudência. Hoje, graças à denúncia e à mobilização que ela provocou, o município evitou que uma bomba fiscal passasse despercebida no escuro do plenário. Pela primeira vez em muito tempo, a política local pisou no freio , e os servidores respiraram aliviados.
