No início dos anos 2020, Ilson Mateus, empresário maranhense e fundador do Grupo Mateus, vangloriava-se de sua trajetória “de origem humilde” até se tornar “o mais novo bilionário brasileiro”. Com uma fortuna que já foi avaliada em R$ 20 bilhões, figurou entre as dez pessoas mais ricas do país. No entanto, em 2024, seu grupo enfrenta uma realidade menos glamourosa: foi condenado a pagar mais de R$ 1 bilhão em multas à Receita Federal, uma cifra que, ainda assim, parece pouco abalar o império construído com incentivos fiscais do Maranhão.
Enquanto isso, os trabalhadores que movem essa engrenagem milionária recebem um ticket-alimentação de R$ 102 por mês, restrito ao uso em lojas do próprio grupo. Isso equivale a modestos R$ 3,92 por dia para alimentação. O contraste não poderia ser mais evidente: quanto será que o bilionário gasta em um único jantar? Seria ele capaz de almoçar com menos de quatro reais, como fazem diariamente os funcionários que garantem seu sucesso?
A ironia salta aos olhos: a ascensão de Ilson Mateus, celebrada como símbolo de superação, esconde o custo social de um modelo que concentra riqueza e oferece migalhas à base. A pergunta que ressoa nos corredores das lojas Mateus é incômoda, mas reveladora: seria possível alimentar uma fortuna sem deixar muitos com fome?