Em um tempo marcado pela fragmentação do sujeito e pela crescente erosão dos vínculos coletivos, a nomeação do advogado Neto Cruz para a Comissão de Direitos Difusos, Coletivos e Individuais (CDDCI) da OAB/MA surge como um gesto de afirmação ética diante das exigências do mundo contemporâneo. A portaria, subscrita pelo presidente da Seccional, Kaio Vyctor Saraiva Cruz, foi publicada no dia 3 de julho e insere o nomeado num espaço onde o Direito se encontra com a Filosofia Política e a Justiça se revela como horizonte de sentido coletivo.
A Comissão, por sua natureza, se ocupa daquilo que ultrapassa o indivíduo: o meio ambiente, o patrimônio cultural, a saúde pública, a educação, os direitos do consumidor — bens e valores que não pertencem a um só, mas a todos, indistintamente. São os chamados direitos difusos e coletivos, que exigem da dogmática jurídica uma sensibilidade ampliada, voltada não apenas ao litígio individual, mas ao cuidado com a polis, à escuta do social, à preservação do bem comum.
Na condição de novo membro da CDDCI, Neto Cruz declarou que assume a tarefa com seriedade e espírito de missão: “Em tempos de despersonalização do direito e captura das instituições por interesses privados, é preciso reafirmar o papel público da advocacia. A Comissão representa um espaço onde o jurista é convocado a pensar para além de si — a agir em nome de uma justiça que se projeta na coletividade e na intersubjetividade.”
Com sólida formação jurídica, Cruz também é jornalista e contador, reunindo em sua trajetória múltiplos olhares sobre a realidade. Editor do blog netocruz.blog.br e colaborador do Portal Migalhas, sua prática profissional vai além do foro: é crítica, é comunicacional, é dialógica. Essa visão plural do mundo jurídico o habilita a dialogar com a complexidade dos direitos coletivos, que demandam mais que técnica — exigem consciência histórica, sensibilidade social e compromisso ético.
Ao integrar a CDDCI, Neto Cruz se soma ao esforço de resgatar, no interior da OAB, uma advocacia que não se fecha em si mesma, mas que se abre ao mundo, na defesa de tudo aquilo que é de todos. Trata-se, em última instância, de um chamado à razão pública, à justiça como valor fundante da convivência humana.