A terça-feira, 21, marcou mais um capítulo turbulento da política maranhense. Acusado por aliados do ex-ministro Flávio Dino de ter gravado clandestinamente uma conversa dentro do Palácio dos Leões, o presidente estadual do MDB, Marcus Brandão — irmão do governador Carlos Brandão — resolveu dar nome aos bois e responder às acusações que partiram dos deputados Rubens Jr. (PT) e Márcio Jerry (PCdoB).
Em nota firme, Marcus negou qualquer envolvimento nas gravações e afirmou que o conteúdo que veio à tona apenas repete o que ele já havia conversado pessoalmente com Rubens Jr. Segundo ele, o petista “tinha a melhor das intenções” ao levar um recado atribuído ao ministro Flávio Dino, mas acabou recuando quando a repercussão política saiu do controle.
“Lamento que agora, diante da repercussão, Rubens crie uma narrativa que contrarie o que ele e os demais — Márcio Jerry e Diego Galdino — vinham dizendo publicamente há pelo menos dois anos”, escreveu Marcus. Ele foi além: afirmou que a ofensiva contra o governador tem sido alimentada por “documentos plantados criminosamente” dentro do sistema do governo por hackers ligados a setores do PCdoB.
A fala expõe algo que há tempos se comenta nos bastidores: a tentativa de setores ligados ao grupo de Dino de manter influência sobre o governo Brandão por meio de pressão política e chantagens veladas. “O Maranhão inteiro sabe das pressões, tentativas de achaques e ameaças, bem como das barganhas de apoios políticos por alívio na onda de judicializações contra o governador”, denunciou Marcus Brandão, sem meias-palavras.
A reação dos acusados veio em forma de debandada. Logo após a divulgação dos áudios, dois secretários ligados diretamente ao grupo dinista pediram demissão: Rubens Pereira, pai de Rubens Jr., e Robson Paz, aliado histórico de Márcio Jerry. O gesto, longe de parecer coincidência, reforça a percepção de que o rompimento entre os Brandão e o antigo núcleo dinista é irreversível.
Enquanto a crise se desenrola, Carlos Brandão segue em silêncio, concentrado na administração do estado e evitando entrar no jogo de versões que domina Brasília e São Luís. Marcus, por sua vez, assume o papel de escudo e porta-voz do irmão, num momento em que a lealdade parece ser artigo raro na política maranhense.