Paço do Lumiar: Inquérito identifica quatro envolvidos no linchamento que matou Jerder Pereira

De acordo com o G1 Maranhão, o processo foi enviado ao Ministério Público após mais de um ano de investigações.

A conclusão do inquérito sobre a morte de Jerder Pereira da Cruz, linchado em outubro de 2024 no bairro Novo Horizonte, em Paço do Lumiar, confirma aquilo que as imagens, os relatos e a própria lógica social já sugeriam: Jerder não morreu por causa do surto psicótico que enfrentava, mas pela violência coletiva que se instaurou quando ele mais precisava de proteção. Segundo a Polícia Civil, quatro homens participaram diretamente do espancamento dentro e fora de uma igreja, episódio que terminou com traumatismo cranioencefálico e a morte do barbeiro de 35 anos. O processo, após mais de um ano de idas e vindas, foi finalmente encaminhado ao Ministério Público, que decidirá se formaliza a denúncia por homicídio.


Jader foi agredido, entrou em uma igreja e acabou amarrado com vários ferimentos — Foto: Reprodução/Redes sociais 

O caso escancara uma engrenagem institucional emperrada. No dia do surto, a esposa de Jerder procurou a polícia, mas ouviu que não se tratava de um “caso de polícia”, orientação que, na prática, deixou a vítima à mercê de uma multidão inflamada que o acusou equivocadamente de ser um ladrão. O advogado da família, Neto Cruz, classificou a demora na responsabilização como “omissão do Estado”, lembrando que justiça tardia, nesse contexto, representa não apenas um erro procedimental, mas a reprodução simbólica da mesma violência que tirou a vida de Jerder. Após meses de prorrogações de prazo, a investigação concluiu nomes, provas e dinâmica do crime, mas nenhuma prisão foi efetuada até agora.

Enquanto o processo se arrasta, quem vive o luto é Fabyana Louzeiro, que estava grávida de cinco meses quando perdeu o companheiro. Hoje mãe de um bebê que jamais conhecerá o pai, ela afirma que a demora judicial prolonga a dor e revitimiza a família. Jerder, diagnosticado com esquizofrenia mas medicado e funcional, era barbeiro, cuidava da casa e tinha planos para o futuro. No dia da crise, dizia ouvir vozes e agia de forma desorganizada, sintomas clássicos do transtorno, mas isso não justificaria o abandono e muito menos a brutalidade sofrida. A tragédia de Paço do Lumiar, mais do que um caso policial, evidencia o fracasso coletivo em lidar com saúde mental, intolerância social e a violência que segue naturalizada nas periferias brasileiras.

Alex filósofo

O jornalista Alex Filósofo (DRT: 2255/MA), professor e apaixonado pela Filosofia, também é empreendedor, blogueiro e graduando em Marketing Digital. Além disso, se destaca como ativista social e cultural. Sua formação intelectual, influenciada pelos pensamentos de grandes nomes da filosofia e da política, resulta em uma crítica sempre desafiadora e esclarecedora.

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