O governo de Jair Bolsonaro comprou no ano passado pescoço de galinha superfaturado para indígenas na Amazônia. Sem licitação, o produto custou R$ 260 o quilo.
O valor da “carne de pescoço” é 24 vezes maior do que o preço médio praticado na aquisição do mesmo item em outros contratos pelo governo Bolsonaro naquele mesmo período, que é cerca de de R$ 10,7 por quilo. Nas prateleiras de grandes redes de supermercados, a carne de pescoço pode ser encontrada por até R$ 5 o quilo.
Responsável pela aquisição do pescoço, a coordenação regional da Funai, a atual Fundação Nacional dos Povos Indígenas, no Rio de Madeira (AM), comprou também mais de uma tonelada de charque, maminha, coxão duro, alcatra e latas de presunto que nunca foram distribuídas entre as famílias das aldeias na época da pandemia da covid-19.
Na região onde a carne deveria ser distribuída, indígenas de recente contato, como os pirahãs, enfrentam fome e desnutrição. O fato expõe uma realidade indigesta aos seguidores do “Mito incorruptível”, que a época da pandemia apontava todos os holofotes as suspeitas de que governadores estariam desviando dinheiro destinado a compra de respiradores, quando de fato a cortina de fumaça escondia o lado mais desumano e imoral do governo Bolsonaro.
O atual comando da Funai e a gestão do órgão no governo Bolsonaro não se posicionaram sobre a compra suspeita.