A permanência de Gentil Neto no cargo, mesmo após a decisão que cassou seu mandato, tem provocado revolta e incompreensão em parte da população de Caxias. Para muitos, a imagem de um prefeito “cassado, mas governando” soa como impunidade. Mas, na lógica da Justiça Eleitoral, o tempo do processo não representa absolvição. De olhos vendados e balança nas mãos, a deusa da Justiça não age pela pressa da multidão, e sim pelo peso das provas. Por isso, a velha máxima cai como uma luva no cenário político local “a Justiça pode tardar, mas dificilmente falha”
A decisão da Justiça Eleitoral que cassou o prefeito Gentil Neto e o vice Eugênio Coutinho não tem efeito imediato. Isso ocorre porque a sentença foi proferida em primeira instância e, pela legislação eleitoral, os gestores têm o direito de recorrer às instâncias superiores, como o Tribunal Regional Eleitoral do Maranhão e o Tribunal Superior Eleitoral. Enquanto esses recursos não são analisados, a regra é a manutenção dos eleitos no exercício do mandato.
Na prática, a Justiça busca evitar mudanças abruptas na administração pública antes do encerramento definitivo do processo. Somente após o trânsito em julgado, quando não há mais possibilidade de recurso, a cassação passa a produzir todos os seus efeitos, incluindo o afastamento do cargo e a convocação de uma eleição suplementar. Até lá, a permanência no poder funciona como uma espécie de suspensão temporária da sentença.
Isso não significa, porém, que a situação esteja confortável para o prefeito. Pelo contrário. A decisão já proferida indica que a Justiça enxergou irregularidades graves na campanha, e os recursos passam a ser, mais do que uma defesa, uma tentativa de ganhar tempo. Nos bastidores políticos, a leitura é clara que a batata dele está assando. A permanência no cargo não afasta o risco, apenas adia um desfecho que pode ser inevitável caso as instâncias superiores confirmem a sentença.
