Deputados do Partido Liberal (PL), liderado por Jair Bolsonaro, entraram em uma acalorada discussão em um grupo de WhatsApp da bancada, apenas três dias após a votação da Reforma Tributária na Câmara. Mensagens obtidas pelo jornal O Globo e confirmadas por cinco dos envolvidos revelam um debate repleto de xingamentos, acusações e até ameaças de saída do partido.
Após o tumulto no grupo, alguns parlamentares favoráveis à reforma consideraram a possibilidade de buscar na Justiça a permissão para deixar o PL sem infringir a regra de fidelidade partidária. Esses deputados são minoria no partido, que se tornou o maior da Câmara após a adesão em massa de aliados de Bolsonaro. Na votação em primeiro turno da proposta de mudança no sistema de impostos do país, o partido registrou 20 votos a favor, enquanto 75 foram contrários.
Na tarde de domingo, diante do acirramento do debate, o líder do partido, Altinêu Cortes (PL-RJ), decidiu bloquear o grupo, impedindo que qualquer membro enviasse novas mensagens.
No entanto, já era tarde demais. Termos como “melancias traidores” (comunistas) e “extremistas” ilustraram a nova realidade do partido. Um dos deputados comentou: “Está parecendo o PSL”. Vale lembrar que o PSL enfrentou uma divisão em 2019, com apoiadores leais a Bolsonaro e outra parte da bancada envolvidos em uma briga interna
A discussão no grupo do PL se intensificou quando Vinícius Gurgel (PL-AP) começou a reclamar dos “extremistas” e da perseguição nas redes sociais aos 20 parlamentares favoráveis à reforma. Gurgel foi um dos deputados do partido que apoiaram a proposta. Segundo um deputado próximo a ele, os ânimos ficaram acirrados desde a votação do arcabouço fiscal.
O parlamentar escreveu: “Só não ofendo nas redes sociais aqueles que votam de um jeito. Peço respeito, cada um tem seus eleitores!”. Ele tentou se diferenciar dos bolsonaristas, afirmando: “Não sou de esquerda nem de direita, sou apenas conservador! Se vocês querem pedir minha suspensão de comissões, expulsão, qualquer coisa assim, tudo bem! Não é uma comissão que me elege!”.