Oportunismo ou Ignorância? Deputada critica movimentos que garantiram o direito de votar e ser votada

“As redes sociais dão o direito à palavra a uma ‘legião de imbecis’ que antes falavam apenas em um bar e depois de uma taça de vinho, sem prejudicar a coletividade.” – Umberto Eco

É no mínimo contraditório que uma deputada, eleita pelo voto popular, critique os movimentos que lutaram incansavelmente para garantir o sufrágio feminino. Sem essas batalhas históricas, ela mesma não teria o direito de votar ou de ocupar um cargo público. Contudo, em suas redes sociais, a deputada Mical Damasceno (PSD) direcionou suas críticas aos movimentos feministas – especialmente aqueles que, segundo ela, promovem pautas de inspiração marxista e desconstrução dos valores tradicionais, a ponto de merecerem o rótulo de “feministas socialistas”.

Um pouco de história

A história de luta das mulheres é marcada por intensos movimentos de resistência. No início do século XX, mulheres se mobilizaram em busca de melhores condições de trabalho e do direito ao voto. Em 1909, cerca de 15 mil mulheres de Nova York foram às ruas, e, em 1910, durante uma conferência na Dinamarca, foram plantadas as sementes para uma luta coletiva por igualdade. Esses eventos históricos, incluindo o trágico incêndio na fábrica Triangle Shirtwaist Company em 1911, foram fundamentais para a construção da democracia e o reconhecimento dos direitos das mulheres.

A Crítica da Deputada nas Redes Sociais

Em um cenário onde as redes sociais amplificam todas as vozes, a deputada Mical Damasceno usou sua plataforma para atacar o que chama de “feministas socialistas”. Segundo suas publicações, ela acusa esses movimentos de fomentar uma “luta de classes” que, em vez de promover harmonia, semeia divisões entre os sexos. Para Mical, tais ideologias rejeitam a valorização genuína da mulher ao desconstruir princípios fundamentais como a família, a dignidade, o respeito e a complementaridade entre homens e mulheres.

Essa crítica, no entanto, revela mais sobre o posicionamento político da deputada do que sobre a história das conquistas femininas. Ao questionar uma vitória histórica – que possibilitou o direito de votar e ser eleita –, sua fala parece visar agradar setores ultraconservadores, em detrimento de um debate construtivo e fundamentado.

Veja o vídeo publicado pela Parlamentar:

Alex filósofo

O jornalista Alex Filósofo (DRT: 2255/MA), professor e apaixonado pela Filosofia, também é empreendedor, blogueiro e graduando em Marketing Digital. Além disso, se destaca como ativista social e cultural. Sua formação intelectual, influenciada pelos pensamentos de grandes nomes da filosofia e da política, resulta em uma crítica sempre desafiadora e esclarecedora.

Leave a Reply