PF indicia Bolsonaro, Braga Netto, Heleno, Ramagem, Valdemar e outros 32 por tentativa de Golpe de Estado; veja lista completa

Ex-presidente e aliados são acusados de tramar um golpe para garantir a manutenção no poder após derrota em 2022

A Polícia Federal (PF) indiciou nesta quinta-feira (21) o ex-presidente Jair Bolsonaro e 36 pessoas ligadas a seu governo por envolvimento em uma tentativa de golpe de Estado. Entre os crimes investigados estão a abolição violenta do Estado democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa. O relatório final foi encaminhado ao Supremo Tribunal Federal (STF) e aguarda decisão da Procuradoria-Geral da República (PGR) para apresentação de denúncias.

Conclusões do Inquérito

O inquérito de mais de 800 páginas concluiu que os acusados formaram uma organização criminosa que atuou de maneira coordenada para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva, eleito presidente em 2022. A investigação, iniciada no ano passado, se acelerou após a prisão de quatro militares e um policial federal, acusados de planejar atentados contra o presidente Lula, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes.

Entre os indiciados estão:

• Jair Bolsonaro: Ex-presidente da República, líder da organização segundo a PF.

• Braga Netto: General da reserva e ex-ministro da Defesa, foi vice na chapa derrotada em 2022.

• Augusto Heleno: General da reserva e ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI).

• Alexandre Ramagem: Policial federal e ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin).

• Valdemar da Costa Neto: Presidente do Partido Liberal (PL), sigla de Bolsonaro.

Estruturação e divisão de tarefas

A investigação identificou seis núcleos principais responsáveis por articular o golpe:

1. Desinformação e Ataques ao Sistema Eleitoral: Disseminação de teorias conspiratórias e questionamentos ao processo eleitoral.

2. Incitação de Militares: Tentativas de convencer integrantes das Forças Armadas a aderirem ao golpe.

3. Apoio Jurídico: Estratégias legais para dar aparência de legitimidade à ação.

4. Operações de Apoio: Logística e suporte para ações golpistas.

5. Inteligência Paralela: Criação de um aparato clandestino para monitoramento e planejamento.

6. Execução Coercitiva: Planejamento de ações violentas para consolidar o golpe.

Penas e Perspectivas

Caso a denúncia seja aceita pelo STF, os indiciados se tornam réus e poderão enfrentar penas significativas:

• Golpe de Estado: 4 a 12 anos de prisão.

• Abolição violenta do Estado democrático de Direito: 4 a 8 anos de prisão.

• Organização criminosa: 3 a 8 anos de prisão.

Além disso, Bolsonaro já enfrenta outros processos, incluindo casos relacionados a joias sauditas e supostas fraudes em cartões de vacinação.

Repercussão e Próximos Passos

O indiciamento marca um desdobramento decisivo nas investigações sobre as tentativas de subverter a ordem democrática no Brasil. Cabe agora à PGR decidir sobre a formalização das denúncias e ao STF o julgamento dos envolvidos.

A resposta jurídica a esses casos será determinante para reforçar a defesa do Estado democrático de Direito no país.

Veja a lista (os nomes estão em ordem alfabética): 

  1. Ailton Gonçalves Moraes Barros, capitão reformado do Exército acusado de intermediar inserção de dados ilegal em cartões de vacinação contra Covid-19
  2. Alexandre Castilho Bitencourt da Silva, coronel do Exército e um dos autores do documento de teor golpista “Carta ao Comandante do Exército de Oficiais Superiores da Ativa e Exército Brasileiro” 
  3. Alexandre Ramagem, deputado federal, ex-diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e delegado da Polícia Federal 
  4. Almir Garnier Santos, almirante da reserva e ex-comandante da Marinha 
  5. Amauri Feres Saadadvogado citado na CPI dos Atos Golpistas como “mentor intelectual” da minuta do golpe encontrada com Anderson Torres
  6. Anderson Torres, ex-ministro da Justiça 
  7. Anderson Lima de Mouracoronel do Exército e um dos autores do documento de teor golpista “Carta ao Comandante do Exército de Oficiais Superiores da Ativa e Exército Brasileiro” 
  8. Angelo Martins Denicoli, major da reserva do Exército que chegou a ocupar cargo de direção no Ministério da Saúde na gestão Eduardo Pazuello 
  9. Augusto Heleno Ribeiro Pereira,ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional e general da reserva do Exército
  10. Bernardo Romão Correa Netto, coronel acusado de integrar núcleo responsável por incitar militares a aderirem a uma estratégia de intervenção militar para impedir a posse de Lula. 
  11. Carlos Cesar Moretzsohn Rocha,engenheiro contratado pelo PL para questionar vulnerabilidade das urnas eletrônicas durante eleições de 2022 
  12. Carlos Giovani Delevati Pasini, coronel do Exército suspeito de ter participado da confecção da “Carta ao Comandante do Exército de Oficiais Superiores da Ativa e Exército Brasileiro” 
  13. Cleverson Ney Magalhães, coronel da reserva do Exército e ex-oficial do Comando de Operações Terrestres 
  14. Estevam Cals Theophilo Gaspar de Oliveira, general da reserva e ex-chefe do Comando de Operações Terrestres do Exército 
  15. Fabrício Moreira de Bastos, coronel do Exército e supostamente envolvido com carta de teor golpista
  16. Filipe Garcia Martins, ex-assessor da Presidência da República que participou da reunião que tratou da minuta de golpe 
  17. Fernando Cerimedo, empresário argentino que fez live questionando a segurança das urnas eletrônicas durante as eleições de 2022 
  18. Giancarlo Gomes Rodrigues, subtenente do Exército e um dos responsáveis pelo monitoramento clandestino de opositores políticos
  19. Guilherme Marques de Almeida, tenente-coronel e ex-comandante do 1º Batalhão de Operações Psicológicas em Goiânia que desmaiou quando a PF bateu à sua porta 
  20. Hélio Ferreira Lima, tenente-coronel do Exército identificado em trocas de mensagens com o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro Mauro Barbosa Cid 
  21. Jair Bolsonaro, ex-presidente da República, ex-deputado, ex-vereador do Rio de Janeiro e capitão da reserva do Exército 
  22. José Eduardo de Oliveira e Silva, padre da diocese de Osasco 
  23. Laercio Vergililogeneral da reserva envolvido em suposta trama golpista
  24. Marcelo Bormevet, policial federal suspeito de integrar o esquema de espionagem ilegal conhecido como “Abin paralela” 
  25. Marcelo Costa Câmara, coronel da reserva e ex-assessor do ex-presidente Jair Bolsonaro 
  26. Mario Fernandes, ex-número 2 da Secretaria-Geral da Presidência, general da reserva e homem de confiança de Bolsonaro. É suspeito de participar de um grupo que planejou as mortes de Lula, Alckmin e Moraes 
  27. Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência, tenente-coronel do Exército (afastado das funções na instituição) 
  28. Nilton Diniz Rodrigues, general do Exército suspeito de participar de trama golpista 
  29. Paulo Renato de Oliveira Figueiredo Filho, empresário e neto do ex-presidente do período ditatorial João Figueiredo 
  30. Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, ex-ministro da Defesa, general da reserva e ex-comandante do Exército 
  31. Rafael Martins de Oliveira, tenente-coronel e integrante do grupo ‘kids pretos’ 
  32. Ronald Ferreira de Araujo Junior, tenente-coronel do Exército 
  33. Sergio Ricardo Cavaliere de Medeirostenente-coronel que integrava o “núcleo de desinformação e ataques ao sistema eleitoral” 
  34. Tércio Arnaud Tomaz, ex-assessor de Bolsonaro e considerado um dos pilares do chamado “gabinete do ódio” 
  35. Valdemar Costa Neto, presidente do PL, partido pelo qual Jair Bolsonaro e Braga Netto disputaram as eleições de 2022 
  36. Walter Souza Braga Netto, ex-ministro da Defesa e candidato a vice de Bolsonaro em 2022, general da reserva do Exército 
  37. Wladimir Matos Soares, policial federal que atuou na segurança do hotel em que Lula ficou hospedado na transição. Ele é suspeito de participar de grupo que planejou as mortes de Lula, Moraes e Alckmin
Alex filósofo

O jornalista Alex Filósofo (DRT: 2255/MA), professor e apaixonado pela Filosofia, também é empreendedor, blogueiro e graduando em Marketing Digital. Além disso, se destaca como ativista social e cultural. Sua formação intelectual, influenciada pelos pensamentos de grandes nomes da filosofia e da política, resulta em uma crítica sempre desafiadora e esclarecedora.

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