Um cruzamento de dados públicos de janeiro de 2025 revela uma realidade curiosa: em pelo menos 10 cidades brasileiras, o número de beneficiários do Bolsa Família supera a quantidade de domícilios existentes. Entre essas cidades, Serrano do Maranhão se destaca com uma diferença significativa. Segundo o IBGE, o município conta com 3.953 casas, mas registra 5.041 famílias inscritas no programa social. Especialistas apontam que essa discrepância pode indicar concessão indevida do benefício e possíveis fraudes.
A prefeita de Serrano do Maranhão, Val Cunha (PL), questiona os dados e atribui o problema a falhas no Censo de 2022. Segundo o procurador do município, Rômulo Emanuel da Silva, povoados foram contabilizados de maneira equivocada, gerando distorções na estatística. O IBGE, no entanto, reafirma a precisão de seus levantamentos e esclarece que algumas localidades mencionadas pelo procurador pertencem a municípios vizinhos.
Além de Serrano, outras cidades maranhenses, como Cachoeira Grande e Pedro do Rosário, apresentam o mesmo fenômeno. O Ministério do Desenvolvimento Social justifica que avanços populacionais e a presença de “famílias conviventes” podem explicar os números. No entanto, especialistas, como a economista Carla Beni, da FGV, alertam para o risco de fraudes e defendem investigações rigorosas. Com o histórico de ampliações do programa em períodos eleitorais, o governo promete reforçar mecanismos de fiscalização a partir de 2025, intensificando conferências de renda e verificações cadastrais.