Do Carnaval ao Arraiá: como a Cultura Brasileira está se modificando

Um estudo inédito feito pela Fundação Itaú e pelo Datafolha está virando de cabeça para baixo o que pensávamos saber sobre os hábitos culturais do Brasil. Com entrevistas em todas as capitais e uma amostra de 19.500 pessoas, a pesquisa revela que o país está trocando o samba pelo sertanejo e as fantasias de carnaval pelo chapéu de palha.

Educação vs. renda: qual fator decide quem consome Cultura?

Se você achava que dinheiro era o maior obstáculo para frequentar teatro ou show, os dados vão te surpreender. Entre brasileiros das classes D/E com ensino superior, 97% participaram de atividades culturais no último ano. Na classe A/B com apenas ensino fundamental, o número despenca para 83%.

“Isso mostra que a educação abre portas que o salário sozinho não abre”, comenta Ana Lúcia, socióloga consultora do estudo. “Quem tem mais estudo busca cinema, livros e música, mesmo com menos recursos. É uma lição para políticas públicas: investir em educação é democratizar cultura.”


Esqueça a imagem do brasileiro sambando na praça. Em 15 das 27 capitais, o sertanejo é o gênero mais ouvido – e faz sombra até ao carnaval. Segundo a pesquisa, 34% dos ouvintes preferem o ritmo que vai do “modão” ao “funknejo”, deixando para trás samba e pagode juntos.

A explicação? A migração do campo para as cidades e o fenômeno do agronejo, que transformou o gênero em trilha sonora não só do interior, mas também dos centros urbanos. “O sertanejo hoje fala de peão e de empresário, de roça e de apartamento. É a cara do Brasil moderno”, diz o produtor musical Carlos Ribeiro.

Festa Junina

Enquanto o carnaval mobiliza 48% das capitais, as festas juninas atraem 78% da população. E não é só no Nordeste: até em São Paulo, os “arraiá” com quadrilha, quentão e fogueira ganham espaço até em condomínios de luxo.

“O junino é uma festa acessível e afetiva”, explica a antropóloga Marina Silva. “Custa menos que um bloquinho de carnaval, une gerações e resgata memórias. Enquanto o carnaval vira produto turístico, o São João mantém a raiz.”

Os números revelam um país em transição:

  • Menos estereótipo, mais pluralidade: O Brasil não cabe mais no “samba e futebol”.
  • Cultura como espelho da mobilidade social: O sertanejo reflete a migração interior-cidade, e o ensino superior redefine o consumo cultural.
  • Crise do carnaval? Com custos altos e segurança questionada, muitas capitais preferem investir em festas juninas.

“Culturalmente, o Brasil está se reinventando. Quem ficar preso ao passado vai perder a conexão com o presente”, conclui o relatório.

Alex filósofo

O jornalista Alex Filósofo (DRT: 2255/MA), professor e apaixonado pela Filosofia, também é empreendedor, blogueiro e graduando em Marketing Digital. Além disso, se destaca como ativista social e cultural. Sua formação intelectual, influenciada pelos pensamentos de grandes nomes da filosofia e da política, resulta em uma crítica sempre desafiadora e esclarecedora.

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