‘Não existem fatos, apenas interpretações.’ Essa pensamento resume o que Friedrich Nietzsche diz em sua obra Além do Bem e do Mal (1886) e sintetiza a essência do perspectivismo — a ideia de que toda verdade é sempre vista através das lentes da subjetividade. Na política, essa visão se torna ainda mais evidente: gestos, imagens e declarações são carregados de múltiplas interpretações, dependendo do olhar e do interesse de quem observa. Cada movimento no tabuleiro eleitoral funciona como uma peça que não apenas avança, mas reflete e mascara intenções, conflitos e estratégias. É nesse jogo de símbolos e silêncios que a vice-prefeita Esmênia Miranda transita, equilibrando-se entre dois polos de poder que não disputam só votos, mas o controle das narrativas
Na política, gestos falam mais que discursos. E, nesta semana, a vice-prefeita de São Luís, Esmênia Miranda (PSD), falou muito sem abrir a boca. Primeiro, na quinta-feira (7), apareceu ao lado do governador Carlos Brandão (PSB) na posse do novo diretor da Polícia Federal. Bastou um clique — divulgado pelo deputado federal Aluísio Mendes (Republicanos) e depois repostado pela própria Esmênia — para incendiar os bastidores e levantar suspeitas: estaria a vice trocando de palanque para 2026?
No dia seguinte, a foto mudou, mas a mensagem foi calculada. Em um raro evento com o prefeito Eduardo Braide (PSD), ela não só marcou presença como também assinou ordens de serviço e fez questão de dividir o enquadramento das câmeras oficiais. Uma cena que, nos últimos meses, vinha sendo cada vez mais improvável, mas que agora serviu como um “freio de arrumação” para conter boatos de deserção.
Só que, no xadrez político, apagar incêndio é diferente de apagar suspeitas. Ao flertar com dois projetos distintos para 2026, Esmênia se coloca como peça disputada — e também como alvo de desconfiança. Sem um posicionamento público claro, vai continuar no fio da navalha, equilibrando-se entre o abraço do prefeito e o aceno do governador