O prefeito Dr. Julinho parece ter assumido para si a missão de transformar São José de Ribamar na nova Alexandria do mundo moderno. Só que, ao invés de conhecimento, o que se multiplica são contratos suspeitos que drenam milhões do erário, enquanto as escolas seguem sem livros quase no fim do ano letivo.
Segundo dados oficiais, já foram pagos mais de R$ 10 milhões em livros, e outros R$ 8 milhões foram empenhados antes mesmo da assinatura do contrato, prática que chama a atenção por afrontar princípios básicos da legalidade e que pode configurar ilícito administrativo grave.
A comparação histórica é inevitável: Alexandria, no Egito, foi a maior biblioteca da Antiguidade, onde se acumulavam centenas de milhares de manuscritos. Julinho, com a caneta e os cofres municipais, parece querer superar a façanha: já teria adquirido, na ponta do lápis, mais livros do que a própria “maior biblioteca do mundo” jamais sonhou em armazenar.
Contrato nebuloso e omissão institucional
O caso mais emblemático é o contrato nº 149/2025, firmado com a Editora Cactos, no valor de R$ 11.640.375,80. O detalhe escandaloso: o edital de inexigibilidade jamais foi publicado nos canais oficiais de transparência. Nem Diário Oficial, nem portal da Prefeitura, nem mural eletrônico.
Essa omissão viola frontalmente a Lei nº 14.133/2021, que obriga ampla publicidade, justificativa de preço e motivação da escolha do contratado. Sem a publicação, não há como verificar a legalidade do procedimento, nem abrir espaço para impugnações ou questionamentos de empresas concorrentes.
O “feitiço” que paralisa MP, TCE e Câmara
Enquanto isso, as instituições que deveriam agir parecem hipnotizadas. O Ministério Público não se move. O Tribunal de Contas do Estado, guardião do erário, silencia. A Câmara de Vereadores, fiscal natural do Executivo, prefere se esconder na conveniência da omissão.
É como se todos estivessem sob algum feitiço político-administrativo de Julinho, incapazes de enxergar que empenhos milionários antes da assinatura contratual são fortes indícios de irregularidade e possível fraude processual.
Alexandria ou tragédia?
Enquanto Julinho constrói sua “biblioteca de ouro” com cifras milionárias, crianças de Ribamar seguem o ano letivo sem material básico. O contraste é brutal: contratos milionários de um lado, salas de aula sem livros do outro.
A história julgará: São José de Ribamar será lembrada como o berço do saber ou como palco de um capítulo vergonhoso de desperdício, suspeitas e omissão institucional?