Desde o século XVI, Étienne de La Boétie refletia sobre como o poder se sustenta não apenas pela força, mas pela obediência de muitos, mesmo quando essa escolha contraria o interesse coletivo. Em São José de Ribamar, essa lógica se materializou no plenário, quando vereadores optaram por caminhar ao lado do prefeito Julinho em uma votação que contrariou servidores, aposentados e pensionistas do município. A reação veio em seguida, com professores transformando a indignação em símbolo público ao instalar um outdoor que levou o debate para fora da Câmara e para o olhar de quem passa pela estrada que dá acesso a cidade
O debate sobre a previdência de São José de Ribamar ganhou um novo e simbólico capítulo. O SINPROESSEMA instalou, na estrada de Ribamar, o chamado “mural da vergonha”, um outdoor de forte impacto visual que denuncia o que o sindicato define como “voto às cegas” de vereadores que apoiaram o projeto do prefeito relacionado ao Instituto de Previdência do município. A mensagem é direta, sem rodeios, e deixa claro que a decisão não passou despercebida pela população.

No outdoor, estão expostos os nomes e as fotos dos parlamentares que disseram “sim” a uma proposta vista pelos servidores como uma ameaça à segurança de aposentados e pensionistas. Aparecem Bráulio, Francimar, Junior da Juventude, Irmã Nalva, Nilton da Saúde, Ribamar Dourado, Laís Alencar, Marcos Frazão, Andrey Villela, Beto das Vilas e Rômulo Loirinho. Para o sindicato, o recado é simples, quem escolheu atender interesses políticos de gabinete agora precisa responder publicamente por essa escolha.

A indignação, no entanto, vai além do voto favorável ao parcelamento das dívidas. O SINPROESSEMA denuncia uma manobra ocorrida após a votação, quando o projeto, que não alcançou a maioria absoluta de 11 votos, acabou sendo transformado em lei ordinária em um movimento classificado como um verdadeiro “passe de mágica” jurídico. Para os servidores, trata-se de uma “pedalada institucional” que fere a legalidade e desrespeita quem contribuiu durante toda a vida para a previdência municipal.
O outdoor na estrada é visto como apenas o início da cobrança pública. O sindicato e os trabalhadores já avisam que a memória do voto não será apagada e que quem vota contra o povo não pode esperar o apoio do povo nas urnas. Em meio à crise, o recado ecoa forte em Ribamar, respeito e transparência com o dinheiro da previdência não são opcionais, são uma obrigação.



