Como crimes de repercussão moldam nova geração política

A eleição de Ana Carolina Oliveira, mãe de Isabella Nardoni, e Leniel Borel, pai de Henry Borel, para as câmaras municipais de São Paulo e Rio de Janeiro exemplifica um fenômeno crescente: o impacto de crimes de grande repercussão na formação de novas lideranças políticas. Ambos conquistaram mais de 34 mil votos cada, defendendo pautas de endurecimento penal. Segundo André Martins Pereira, defensor público do Pará e especialista em direito penal, esse movimento representa uma “reconfiguração do poder punitivo”, impulsionada pelo apelo emocional e pelo crescimento da cultura true crime.

O aumento do interesse por crimes reais reforça essa tendência. Entre 2021 e 2022, o Spotify registrou um crescimento de 52% na audiência de podcasts do gênero, enquanto o documentário sobre o caso Nardoni, na Netflix, teve 5,7 milhões de visualizações em apenas quatro dias. O fenômeno não é novo: Keiko e Masataka Ota, pais do menino Ives Ota, assassinado em 1997, também entraram para a política. Keiko, como deputada federal, apresentou mais de 300 propostas, sendo 15 focadas em mudanças no Código Penal.

Para Rafaela Venturim, mestre em ciências criminais pela Universidade de Lisboa, embora esse movimento mobilize “emoções válidas”, ele pode levar a “um caminho enganoso, com medidas que não vão solucionar o problema” da violência urbana. Com a ascensão de novas figuras políticas ligadas a casos emblemáticos, o populismo penal ganha força e levanta debates sobre os rumos da segurança pública no Brasil.

Alex filósofo

O jornalista Alex Filósofo (DRT: 2255/MA), professor e apaixonado pela Filosofia, também é empreendedor, blogueiro e graduando em Marketing Digital. Além disso, se destaca como ativista social e cultural. Sua formação intelectual, influenciada pelos pensamentos de grandes nomes da filosofia e da política, resulta em uma crítica sempre desafiadora e esclarecedora.

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