Em menos de 24 horas, graves acusações de assédio abalaram a reputação de um dos principais nomes da luta antirracista no Brasil. Silvio Luis de Almeida, até então o único homem negro no alto escalão do governo federal, foi demitido na última sexta-feira (6) pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A decisão veio à tona após denúncias de assédio sexual, que envolveriam até a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco.
A demissão de Almeida foi anunciada após uma reunião tensa no Palácio do Planalto, segundo fontes do governo. Auxiliares relataram que o ex-ministro se recusou a pedir demissão, deixando a responsabilidade para o presidente Lula.
A situação de Almeida deteriorou-se rapidamente. Embora ele tenha publicado uma nota e um vídeo nas redes sociais na noite de quinta-feira, logo após as denúncias feitas pela organização MeToo Brasil — que apoia mulheres vítimas de violência sexual —, já havia uma percepção crescente no governo de que sua permanência seria insustentável. Rumores sobre seu comportamento em relação a colegas de trabalho vinham circulando nos bastidores da Esplanada dos Ministérios há algum tempo.