Uma série de incidentes aéreos recentes tem reacendido o debate sobre a segurança dos voos, tanto nos Estados Unidos quanto no Brasil. Enquanto colapsos mecânicos e desaparecimentos de aeronaves chamam atenção lá fora, por aqui os números são alarmantes: só nos primeiros 42 dias de 2025, o país registrou 23 acidentes, sendo sete fatais, resultando em 11 mortes. Os dados são do Sistema de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Sipaer).
O aumento é expressivo quando comparado ao período anterior. Entre dezembro de 2024 e janeiro de 2025, foram 41 ocorrências, um salto de 46,4% em relação ao bimestre anterior, que registrou 28 casos. Para especialistas, o crescimento da frota aérea no pós-pandemia é um dos principais fatores que impulsionam essa escalada. Segundo Raul Marinho, diretor-técnico da Associação Brasileira de Aviação Geral (Abag), houve um aumento de 42% no número de jatos executivos e 60% nos turboélices, especialmente em operações regionais e particulares.
As estatísticas também apontam que a aviação agrícola lidera os índices de acidentes em 2025, com 12 ocorrências, seguida por seis casos em operações privadas. A diferença nas exigências de segurança também chama a atenção: enquanto o táxi aéreo requer pilotos com ao menos 150 horas de experiência e estrutura operacional mais complexa, a aviação privada pode operar com um gestor e pilotos-proprietários com apenas 40 horas de voo.
A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) garante que, em suma, o setor segue regulamentações rigorosas, com certificações obrigatórias, inspeções anuais e revalidação periódica de habilitações. Apesar do aumento no número de acidentes, especialistas reforçam que voar segue sendo um dos meios de transporte mais seguros do mundo.