Nada como comemorar o Dia do Trabalhador com um belo “presente” da Prefeitura de São José de Ribamar: salário suspenso, contracheque fantasma e conta bancária zerada. Uma homenagem inovadora ao funcionalismo público, que agora pode contar com um novo benefício municipal — o “pagamento surpresa”: você nunca sabe se vai cair, quando vai cair, ou se vai cair.
Parte dos professores da rede municipal descobriu, ainda de ressaca da luta diária em sala de aula, que o holerite veio limpinho, sem um número sequer. Nem um centavo, nem uma vírgula. Só o silêncio sepulcral da gestão municipal. E quem teve a audácia de conferir o saldo bancário, recebeu em troca um tapa de realidade: nada entrou. Só saiu — o respeito.
Mas calma, a justificativa veio. A Secretaria de Planejamento (SEMPAF) alegou um suposto acúmulo de cargos, como se os professores estivessem duplicados em algum multiverso da Marvel, lecionando em tempo real em três escolas ao mesmo tempo. Detalhe: os mesmos já haviam apresentado documentos de exoneração e compatibilidade de horários. Mas quem se importa com provas, não é mesmo?
Claro que não é a primeira vez. Em dezembro aconteceu. Em fevereiro também. E agora, mais uma vez em feriado prolongado. Deve ser alguma nova política de RH chamada “pegadinha da folga”: você sai pra descansar e volta sem salário.
Indignados, professores passaram a se manifestar nas redes sociais da prefeitura (que provavelmente devem considerar isso um novo tipo de “engajamento”) e já planejam um comparecimento em peso na sede da gestão municipal. Afinal, quando não se paga, espera-se ao menos que se explique. Com argumentos de verdade, de preferência.

Enquanto isso, a prefeitura segue firme em sua missão de reinventar a precarização com criatividade e sarcasmo institucional.