A política, como ensina o ditado popular comumente atribuído a Leonel Brizola, é a arte de engolir sapos — e, em Paço do Lumiar, parece que alguns têm se servido de banquetes inteiros de silêncio, omissão e conveniência, em nome da “fidelidade”.
No último dia 17 de abril, os moradores do bairro Nova Jerusalém I aguardavam respostas concretas do prefeito Fred Campos, após denunciarem o abandono da comunidade no quadro “Chame a Mirante”, da TV Mirante. Mas, em vez do chefe do Executivo, quem apareceu foi o presidente da Câmara, Fernando Feitosa — que tem se especializado em substituir o titular quando a situação aperta.
A emissora já havia estado no local no dia 8 de abril, quando ouviu os moradores e, ao vivo, solicitou que a Prefeitura comparecesse à comunidade para prestar contas. O compromisso ficou no ar — e, como tantas outras promessas da atual gestão, não se concretizou. Quando a equipe da Mirante retornou, quem apareceu não foi um representante da prefeitura e sim o presidente da câmara Fernando Feitosa, que vem ensaiando seu papel de estagiário de prefeito para, segundo pessoas próximas ao próprio Feitosa, assumir em um possivel afastamento de Fred e impedimento de Mariana, mirando mais alto do que o regimento da Câmara prevê. Sua presença, longe de representar a instituição legislativa, revelou a disposição de assumir um papel que não lhe cabe — o de assessor informal do Executivo. Uma prática que, além de politicamente questionável, fere o princípio da separação dos poderes, como já alertaram especialistas.
Fernando, que há tempos não apresenta um único projeto de lei relevante, aposta no vácuo do poder para se lançar como plano B. Papagaio de pirata nas inaugurações, sua atuação parlamentar resume-se a selfies ao lado do prefeito, aplausos forçados e discursos decorados.
Vale lembrar — e aqui convém reforçar — que não faz parte das atribuições de um vereador, muito menos do presidente da Câmara, assessorar prefeito.
Em um vídeo publicado em suas redes sociais Fernando se revolta por que a repórter da Mirante que esperava algum assessor do executivo não lhe dá espaço de fala.