Os avanços da inteligência artificial generativa, capazes de criar deepfakes de áudio hiper-realistas e clones de voz, representam tanto oportunidades quanto desafios para a democracia. Enquanto essas tecnologias prometem inovações significativas, como dublagens mais realistas e maior acessibilidade, também têm potencial para desinformação e manipulação. O caso ocorrido em Caxias, onde um áudio manipulado foi usado para influenciar a eleição municipal, é um alerta para os riscos que essas ferramentas podem representar quando empregadas de forma maliciosa, ameaçando a confiança no processo democrático.
No programa “Café com Neto Cruz”, o candidato a Prefeito de Caxias, Paulo Marinho Jr., denunciou a estratégia política empregada pelo atual prefeito, Fábio Gentil. Segundo Marinho Jr., um áudio manipulado por inteligência artificial foi usado para espalhar a falsa informação de que Paulo Marinho, pai do candidato, demitiria todos os contratados da prefeitura caso ele fosse eleito. Ele afirmou que essa manobra teria criado um clima de medo entre os eleitores, favorecendo a apertada vitória de Gentil Neto, com apenas 500 votos de diferença.
Marinho Jr. revelou que uma perícia técnica comprovou a adulteração do áudio, classificando o ato como um ataque grave à democracia. “A gente não pode permitir que a tecnologia seja usada para distorcer a verdade. Isso fere a integridade do processo eleitoral”, declarou o candidato, que espera que a justiça puna os envolvidos. A legislação eleitoral condena o uso de conteúdos manipulados, com penas que incluem a cassação de mandatos e a responsabilização dos culpados.
Durante a entrevista, Marinho Jr. alertou que a chamada “estratégia do medo” prejudica a confiança pública no processo eleitoral e nas instituições democráticas. Ele reforçou a importância de combater a desinformação e acredita que o caso será um divisor de águas para garantir mais transparência nas eleições futuras.